terça-feira, abril 10, 2007

Dança da Solidão



Na Dança da Solidão -- Faíza Hayat, volta a transmitir como só ela o faz -- aquilo que eu não sei expressar. Pelo menos, da maneira que ela o faz...Pegando no último trabalho de Luis Peixoto -- Minto até Dizer que Minto -- Faíza começa por dizer:


" Agradou-me a ideia central da novela: um jovem com pretensões a escritor experimentalista espalha por vários lugares de Lisboa bilhetes supostamente escritos por uma mulher ao seu amante. Nos referidos bilhetes a mulher fornece um endereço de correio electrónico. O escritor fica em casa à espera das respostas e ela chegam.


O livro trata, afinal, de um tema: a solidão comtemporânea.

Sempre que me aventuro pelos corredores do metro sinto-me rodeada de pessoas sós.

Impressiona-me o paradoxo: multidões de solitários. Movemo-nos entre gente ansiosa por uma simples palavra de afecto; mulheres que aprendem a miar para poderem conversar com o gato".

" Nesta dança da solidão, há quem arrisque passos em falso, quem se entregue ao primeiro apelo, quem, desastradamente, por terror ou ansiedade, pise os pés do improvisado par.


Vivemos, literalmente, uns em cima dos outros, em prédios de apartamentos, mas nunca fomos tão estranhos uns aos outros quanto agora. Podemos ouvir todas as manhãs os vizinhos a cantar enquanto tomam duche, podemos ouvi-los a discutir ou a fazer amor, sem, todavia, sabermos que rosto têm.


Cada vez mais gente usa a Internet para comunicar. Comunicar, porém, nem sempre equivale a conversar. Enquanto cantamos no duche estamos, ainda que involuntáriamente, a enviar informação para os nossos vizinhos, ou seja, a comunicar. Mas não trocamos afecto.

O que os personagens de Minto ao Dizer que Minto fazem é algo assim: estão aos gritos em meio à multidão. E estão sozinhos. Irremediávelmente sós.


Triste destino."


-- Consigo ver a nossa sociedade aqui retratada - e bem! Falfou no entanto acrescentar que: há pessoas tão sozinhas que até "as piores companhias lhes parecem boas".


** "Na novela do Luís Peixoto,como na realidade, as pessoas estão dispostas a acreditar em qualquer coisa que lhes permita romper o amargo círculo da solidão. Estão dispostas,inclusive, a ser outra pessoa -- a pessoa que os outros esperam que eles sejam".

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