sexta-feira, novembro 24, 2006



“Entre o açúcar mascavado & os Orégãos”

A história foi bem simples e sinceramente – em nada original.

Ainda há dias, um amigo me contara um caso idêntico, passado lá no seu kimbo:
"uma sra., abandonara o lar, trocando o marido por um radialista, detentor de uma voz linda de morrer, que em nada se identificava à imagem real!"

Mas, nem que a história fosse a mesma, nem que a tivesse ouvido de diversas formas – esta teve um condimento especial! Sim, digo bem – condimento. Às tantas, o locutor disse que a tal sra., “de tão apaixonada pela voz “ tinha espalhado colunas pelos mais diversos cantos da casa. Até na casa de banho. Ah, mas não, não foi isso que despertou a minha atenção…Foi sim quando o locutor confidenciou que, uma das colunas, se achava “acomodada” na dispensa entre o açúcar mascavado e os orégãos! Que querem que vos diga?, eu sou assim mesmo! Há frases simples que para mim dizem muito quando colocado um elemento assim…simples também mas que lhe dá “aquele toquemágico – dando-lhe a “alma” necessária. Aqui, por muito estranho que vos pareça…foi o açúcar & os orégãos. Ah, convém dizer que a senhora conseguiu marcar um chá em sua casa com o tal radialista e…lá estavam eles à conversa! O senhor “grisalho e de olho de vidro” falava agora com a senhora, sem ser através das colunas…Faltou saber se o chá era de orégãosadoçado com açúcar mascavado…?!

Mas que importa se o “senhor grisalho de olho de vidro” estava agora ali…
(...) Entre mim e a cidade se ateia a perspectiva
De uma angústia florida em narinas frementes.
Apalpo-me estou viva e o tacto subjectiva-me
a galope num sonho com espuma nos dentes.
E invoco-vos, irmãos, Capitães-Mores do Instinto!
Que me acenais do mar com um lenço cor da aurora
E com a tinta azulada desse aceno me pinto.
O cais é a urgência. O embarque é agora.


Natália Correia


sábado, novembro 18, 2006



Outside another yellow moon Has punched a hole in the nighttime, yesI climb through the window and down to the streetI'm shining like a new dimeThe downtown trains are full with all of those Brooklyn girlsThey try so hard to break out of their little worlds
Well you wave your hand and they scatter like crows They have nothing that will ever capture your heart They're just thorns without the roseBe careful of them in the dark Oh, if I was the one you chose to be your only one Oh baby can't you hear me now, can't you hear me now
Will I see you tonight on a downtown train Every night it's just the same, you leave me lonely now
I know your window and I know it's lateI know your stairs and your doorwayI walk down your street and past your gate I stand by the light at the four-wayYou watch them as they fall, oh baby, they all have heart attacks They stay at the carnival, but they'll never win you back
Will I see you tonight on a downtown trainWhere every night, every night it's just the same, oh baby Will I see you tonight on a downtown trainAll of my dreams they fall like rain, oh baby on a downtown trainWill I see you tonight on a downtow train
Where every night, every night it's just the same, oh baby
Will I see you tonight on a downtown trainAll of my dreams just fall like rain, all on a downtown train All on a downtown train, all on a downtown trainAll on a downtown train, a downtown train


http://www.officialtomwaits.com/main1.jpg

sexta-feira, novembro 17, 2006


BANHO CHEIROSO


Você deve tomar banho cheiroso
Prá acabar com essa mofina
E o corpo ficar jeitoso
Você sente uma moleza
Sem ter doença nenhuma
Tem a vida atrapalhada
Não consegue coisa alguma
Então ouça o meu conselho
Ele é muito valoroso
Pois não perca mais seu tempo
E tome banho cheiroso
Você deve tomar
Banho cheiroso
Prá acabar com essa mofina
E o corpo ficar jeitoso
Ele é feito de tipy
Pau de angola e puxuri
Leva trevo de mulata
E também patchouli
Jardineira, pataqueira
E também manjericão
Leva rosa todo ano
Amoníaco e açafrão.
Você deve tomar banho cheiroso
Prá acabar com essa mofina
E o corpo ficar jeitoso



Foi
ainda hoje, lendo uma entrevista ( no Mil Folhas do Público ) da Vanessa Rato a Philippe Claudel, onde dizia que: "há escritores que dizem ouvir vozes...". No caso de Philippe C., a escrita surge a partir de "uma música, uma palavra, uma imagem mental, um perfume...", que pensei:

-- Curioso!, também a mim me basta uma palavra, ou frase, apanhada ao virar de uma esquina e, começa logo ali a minha divagação.
Ah, o perfume! Isso então, faz despertar em mim múltiplas sensações. Normalmente transporta-me a locais, épocas -- sentimentos vários são acordados!

Ontem, o Chanel nº 5 ao virar da página -- deixou-me um amargo de boca enorme.

Detesto o Chanel nº 5!

Detesto perfumes de mulher fatal -- fortes, agressivos, estonteantes!

Ontem então...foi demasiado -- não o esperava ali: ao voltar da página!, mas lá estava ele e...acompanhado por quem não esperava também.

Senti-me mal, quase que traída:

Eu -- no meu Mandarina Duck, fresquinho e tranquilo, tinha sido apanhada por um estonteante Chanel nº 5 que, apesar de já ser batido na praça dos odores parisienses, ainda por cima estava num corpo de mulher irritantemente narcísica!

Mas pronto, que fazer se, os gostos são assim mesmo?

Compreender...?! Não, não me peçam para compreender! Como se pode trocar a companhia de uma Mandarina Duck bem fresquinha, por um nº 5...mesmo que de Paris venha?!!!

São gostos -- aceito! Mas não deixa de me confundir -- a mim, adepta do Mandarina.....fresquinho como ele só!

São gostos...

segunda-feira, novembro 13, 2006


Il Faut Savoir

Charles Aznavour

Il faut savoir encore sourire
Quand le meilleur s'est retiré
Et qu'il ne reste que le pire
Dans une vie bête à pleurer

Il faut savoir coûte que coûte,
Garder toute sa dignité
Et, malgré ce qu'il nous en coûte,
S'en aller sans se retourner

Face au destin, qui nous désarme,
Et devant le bonher perdu,
Il faut savoir cacher ses larmes
Mais moi, mon coeur,je n'ai pas su

Il faut savoir quitter la table
Lorsque l'amour est desservi
Sans s'accrocher, l'air pitoyable,
Mais partir sans faire de bruit

Il faut savoir cacher sa peine
Sous le masque de tous les jours
Et retenir les cris de haine
Qui sont les derniers mots d'amour

Il faut savoir rester de glace
Et taire un coeur qui meurt déja
Il faut savoir garder la face
Mais moi je t'aime trop
Mais moi je ne peux pas
Il faut savoir
Mais moi je ne sais pas

domingo, novembro 12, 2006


Malembe, malembe...fui fazendo as minhas amizades. Confesso: tive algumas desilusões! Dou-me demais quando penso estar no caminho certo -- talvez por isso a desilusão seja maior!

Isto vem a foice porque, esta semana reuni dois dos amigos conquistados nestas andanças da NET. Costumo dizer que nisto da NET: temos de ser o mais sinceros possível se, queremos ter amizades verdadeiras. Penso ter conseguido,com estas duas relíquias encontradas: sim porque, houve sinceridade de ambas as partes!

Fomos jantar, divertimo-nos enquanto disfrutávamos a boa comidinha. O António deu-nos a sensação de ser - um autêntico dinossauro pois, conhecia tudo antes das coisas serem do nosso conhecimento e -- apenas oito anos nos separam!

A Dina dizia: "Parece dinossaurico quando fala!".

Sim,só quando fala! Ao se referir o nome do Duo Ouro Negro...lá veio ele com a frase: "Conheci-os, eram eles kandengues
e --
já morreram!"

Foi uma noite bem agradável! A dona do restaurante, apercebendo-se da nossa origem, disse quando se despediu: "Também fazemos moamba
!"

Seguimos para minha casa. Aqui, a
música é rainha!
O António pediu algo que pensava não puder ser satisfeito mas...teve! Aqui há de tudo. omo costumo dizer -- só falta ter discos debaixo dos tacos!

Gostei de ter recebido os meus amigos sanzaleiros. Tivemos um sunguilar diferente e agradável. Foi pena ter sido pouco tempo...

Oporunidades não faltarão! O António seguirá com a esposa para o Porto, a Dina está por aqui perto.

Eu -- estarei sempre disposta
em receber estes meus amigos!

Kandandus para ambos e -- até breve!

sábado, novembro 11, 2006



Fim-de-semana é...fim-de-semana e
mánada!!!!


http://www.anos60.com/portugal/duo_ouro_negro/conteudo.htm

http://www.esnips.com/doc/b06dc0a1-233b-4113-a449-bbbf4423424e/Bartolomeu_Prado-Pa%EDm.mp3





Hoje é um dia muito especial para muitos Angolanos -- é dia de Dipanda! Cada um terá as suas mágoas mas, vamos lá -- como o povo sempre faz : digerir as mesmas, numa boa kizomba! Aqui vos deixo hoje isto e...divirtam-se!

É fim-de-semana pessoal!!!!!

http://mmeixide.multiply.com/tag/musica

http://mmeixide.multiply.com/music


http://www.artistdirect.com/nad/music/artist/card/0,,658963,00.html

quarta-feira, novembro 08, 2006



Idalina -- missionária em Moçambique -- foi assassinada cruelmente!
Ontem foi a primeira notícia que ouvi no Telejornal matutino mas, mais do que a notícia -- a sua foto num dos jornais, deixou-me de lágrima caindo.
Idalina, tinha um ar simples e feliz ali!, no meio daquelas crianças, também elas visivelmente felizes pela sua companhia:

talvez se sentissem protegidas e amadas...

O seu rosto tranparente de felicidade, não merecia a crueldade a que foi submetida: até à morte! Como pode alguém tomar de assalto a vida de outro seu irmão que, a outros se dedica com amor?!

E as crianças? Já pensaram em como -- para além de nada possuírem -- ainda por cima têm de fugir, para preservarem a única coisa que possuem de seu -- a vida?!

Idalina era missionária de coração e alma. Pretendia prolongar a sua missão -- estava feliz! Sentia-se útil, gostava do que fazia...
A missão acabou ali. trágicamente.

E...as crianças?! Por quantas mais vezes, terão de fugir para, poderem continuar a viver? Mesmo em condições precárias, a vida é o seu bem maior ao qual têm todo o direito!

Que este episódio não faça abrandar a juda missionária. Há sempre alguém que tomba cumprindo uma missão...é doloroso mas, também há quem tombe matando: esta pelo menos é uma causa justa!

Espero não ter chocado alguém mas, é a minha maneira de ver...

Hoje, já de passada mais firme, gostava de contar-vos a razão do meu "Chá de Laranja Lima".

Tudo começou pelo desencantamento em "sítios" por mim antes (assíduamente -- confesso!) visitados. Tudo tem um fim!, chega sempre a hora do desamor.
Depois, houve alguém que me disse: Porque não abres um blog?!
Estava muito longe de o fazer mas, a proposta veio a ter sentido...afinal, os meus amigos viriam visitar-me aqui! E assim fiz -- a medo mas fi-lo!

Ah!, a razão do nome?!

É assim, se houve algo que me marcou na minha juventude : " Meu Pé de Laranja Lima" do José Mauro de Vasconcelos -- foi o livro maravilha que marcou uma data, um tempo sem igual: a minha vida em África! Só o nome me reporta logo aos tempos de menina e moça...

Bem, mas surpresa das surpresas!, nunca pensei que houvessem tantos blogs de chás!!!!!
Ele é Chá de Laranja, Chá de Laranja e...Lima, Chá Verde (puro), Chá de Lima ...!
Fiquei de veras abismada mas -- já estava!

sábado, novembro 04, 2006


Apesar De Você

Chico Buarque

Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.

Apesar de você
amanhã há de ser outro dia.
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar.

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro.

Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
de “desinventar”.
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar.

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria.

Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença.

E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
antes do que você pensa.
Apesar de você

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia.

Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai se dar mal, etc e tal,
La, laiá, la laiá, la laiá…….

.............Desculpem lá mas, isto deve ser por estarmos em fim-de-semana! Dá-me sempre p'rá música!

sexta-feira, novembro 03, 2006


PERDÃO


Yo no sé si es prohibido
Si no tiene perdón
Si me lleva al abismo
Solo sé que es amor

Yo no sé si es pecado que tiene castigo
Si es faltar a las leyes honradas
Del hombre de Dios

Solo sé que me aturde la vida
Como un torbellino
Que me arastra, me arrastra
A tus brazos en ciega pasion

Es más fuerte que yo
Que mi vida, mi credo y mi sino
Es más fuerte que todo el respeto
Y el temor de Dios

Aunque sea pecado
Te quiero, te quiero lo mismo
Y aunque todo me niegue el derecho
Me aferro a este amor


CAETANO VELOSO

"Chamo-me António Lobo Antunes, nasci em São Sebastião da Pedreira e ando a escrever um livro."


Houve tempos em que, evitava ler Lobo Antunes. O problema era meu, claro. Chamo problema pois, pensava não estar à altura da sua escrita. Não é por nada mas, A. Lobo Antunes -- só o nome por si me intimidava.

Descobri no entanto -- muito mais tarde -- que o problema não era meu nem do A.L.A. mas, das pessoas que o liam e me diziam: << É uma leitura difícil...não é para qualquer um!>>
Ora, quem era eu, para me atrever na sua escrita se, outros mais cultos que eu a achavam difícil de entender?!
Certo dia, num hipermercado da zona, dirigi-me à pilha de livros em promoção. Um deles era precisamente as "Crónicas" do L. Antunes -- arrisquei.

Surpresa!, desde a primeira à última das suas Crónicas: não parei!
Em algumas delas fui até personagem. Não vou esquecer nunca mais uma delas:

"Emília e uma noites"

(...) não mereço isto hoje dia 1 de setembro, dia dos meus anos em que Angola me veio com toda a força ao corpo. Aos que se interessam pelo que escrevo peço desculpa: ia dar-vos uma crónica chamada Emília e uma noites: pensei nela, tinha-a mais ou menos na cabeça (...) achava que vocês iam gostar e todavia não consigo: há tanta coisa em mim, tanta metrelhadora, tanto morteiro, tanta horrível miséria. Pra a próxima garanto que faço os possíveis por vos dar uma crónica como vocês gostam.
Hoja não posso: é o dia dos meus anos e Angola veio-me com toda a força ao corpo. (...)
Tinha pensado numa coisa bem gira chamada Emília e uma noites e agradeço-vos a pachorra de aturarem por tabela Angola com toda a força no meu corpo. Para mais isto deve estar uma porcaria porque nunca na vida escrevi nada tão depressa.
Mas agora pergunto: será que se consegue soltar um grito devagar?"

Hoje, ao ler um trabalho jornalístico sobre o seu novo livro, descobri a razão pela qual, eu -- pessoa de instrução média -- entendia e me emocionava com a sua escrita:

"Não se preocupem com o livro porque aquilo que escrevo pode ler-se no escuro. Porque é a vida"

É a vida!, mas há que vivê-la e, também a mim, de quando em vez:

Angola vem-me com toda a força ao pensamento!
É a vida...





quinta-feira, novembro 02, 2006




Esta chuvinha convida ao sofá, à manta e a um bom livro...
A chuva, já cá a temos! A manta: é só ir buscá-la e o livro -- está ali há dias, esperando por mim...

O Assobiador do Ondjaki!
Já lhe passei os olhos por entre as páginas. Gostei do que vi, mesmo de soslaio.
Mas acho que ainda não será hoje que darei início à sua leitura. Isto porque, tenho ali umas castanhas à espera que lhes dê o golpe fatal e num tacho as coloque juntando-as à erva-doce!

E daí...quem sabe (?) , pode ser uma conjugação agradável: eu, as castanhas e -- O Assobiador.

Vou só espreitar mais uma vez:

"Chegou em Outubro, ao mesmo tempo que as chuvas compridas e silenciosas daquela aldeia. Os cabelos caíam-lhe pelos lados magros da cara, a roupa estava totalmente ensopada e pesada, os olhos mal se abriam de tanto espanto: era uma chuva tão molhadora como qualquer outra, mas sem o dom natural de fazer barulho ao cair. Acreditou estar no meio de um intenso nevoeiro, e abriu a boca. Provou a água, a sua realidade molhada, e sentou-se à porta da igreja. Nunca tinha vivido uma chuva assim. (...)"

Humm...acho que vamos ter um bom sunguilar...eu e o Ondjaki!